sábado, 9 de julho de 2011

A hora santa

É chegada a hora.
Tempo de noite, onde o medo mora.
O sino já chorou
choroooooouuuuuu
choroooooouuuuuu
marcando a hora
que m’encerrou.

Esta masmorra , só minha,
com grades de ponteiros,
cela infeliz e medonha,
conta a chegada d’um barqueiro que caminha
para me levar em sua viagem enfadonha...

É hora!
Já vejo a Morte, minha senhora,
(Sem... hora. Sem... hora. Sem... hora)
montada em corcéis de fulgor
munida de foices e relógios
que numa abaixada, seguida de ósculos,
carrega-me na calmaria de seus braços
para o calor-frio de seu amor.

E caminho
ouço fraco o sino que batia
marcando, no eco inconsciente,
o tempo que morria.

Um comentário:

Gabriel Giglio disse...

Acho, sinceramente, que esta poesia veio como um marco no seu fazer poético. Ela trata mais do que da morte, mas da passagem, a transição deste para outro mundo. E cada figura, cada construção, os epizeuxis, tudo trabalha perfeitamente para que o leitor também embarque nesta viagem. Eu, fonema a fonema, palavra a palavra, frase a frase, fui entrando na sua poesia, saindo desde mundo de inquietações e vicissitudes, para me entremesclar e passar a fazer parte do universo da certeza e da precisão, a certeza da chegada da Morte e a precisão de sua Hora. Uma boa passagem para todos.