sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A Panverbacidade

e onde estaria o verbo

nessa panverbacidade

que não acalenta, mas afugenta

o desencanto de minha vil verdade

e a saudade ligeira vivacidade

(quanto ade)

que tenho da vaidade

de um poeta simplista e sorridente

sem voz, sem paz, indigente

dentro de sua própria mente.

 

De tanto amar lançou ao fogo uma folha

Que pra apagar, custou o caderno e a pena.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Uma obra prima

Certa vez, num dia incerto, estava eu sentado em meu sofá, distraído, conversando entre amigos. Na TV, ligada e esquecida, brotava uma novela qualquer. Não me lembro ao certo os porquês, mas na cena em questão dançava uma mulher o clássico pole dance americano.

De vislumbre, no canto sutil de meus olhos, a imagem dançava em ritmo frenético. A mulher e o metal no qual se enroscava eram um, faziam um, diziam um.

Foi então que nasceu a poesia.

Escrevi no caderno de notas, ao lado do telefone. A magia do momento me tomou, e as palavras, embebidas então pelo fulgor, saltaram pelos meus dedos após sua travessia de imaginários em cada nervo de meu corpo.

Dei a luz uma poesia, sua forma era poema. Como de praxe, li para os presentes, que aplaudiram a inspiração.


Deixei a poesia no caderninho.


Esquecida em seu repouso, não reclamara seus direitos a publicação. Era demais pr’ela.

Tempinho depois, procurei a poesia, pois me lembrou um dos amigos presentes na ocasião, e ela já não estava lá. Fora arrancada, e só vestígios do papel sobraram.

Hoje penso: que terá acontecido com ela? Será a menina-dos-olhos de uma moça que ainda a lê antes de dormir? Terá se tornado lixo e morre eternamente, calada em seus suspiros fadados ao esquecimento? Encanta o jovem apaixonado? Jaz ao lado de um suicida?

Eis a maravilhosa beleza da arte, da poesia.

Eis minha obra prima.

sábado, 3 de abril de 2010

Dedicatória

A que se deve o eu
ser fiel?
como se aquilo que fosse seu
não seja meu
não tenha o teu
toque de verdade
da leitura
e da maldade.

A que se deve minha
Poesia
dedicar-se... mostrar-se...
alterar-se?

E espero escrevo leitor.

Não finjo, pois sou muitos
sois muitos
muitos sois
astros
para ler, ver
interpretar e
iluminar
o que disse
como se fosse
teu
não meu
nem seu
toque de vaidade.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Do nexo sem teu nexo

Hoje eu passei o dia passando o tempo pensando no momento de te encontrar

Não era uma vontade mas apareceu necessidade de te ter amar e abraçar

Faltavam versos faltava nexo quando tentava parar de lembrar de teu beijo

Era vontade de morrer matar ficar sem fixar o olhar em pessoas que não...

Você

Que não você

Por que não você?

Que é o amor da minha vida!

O que me faz querer amar.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Um rondó e nosso "rondò"

Bom pessoal, hoje vou fazer algo um pouco diferente do meu estilo de postagem no Blog.

Encontrei no meio de um monte de papéis uma versão da poesia "Rondó dos cavalinhos" que eu, o Caio, a Eunice e a Cinthya fizemos no nosso primeiro ano no curso de tradutores. Deu muita saudade e, claro, como foi o meu primeiro trabalho vertendo uma poesia, acho importante que ele conste aqui, certo?

É do português para o italiano, então postarei as duas.

Espero que gostem! Abraços

Pedro Freire



O Rondó dos cavalinhos

(Manuel Bandeira)

Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
Tua beleza, Esmeralda,
Acabou me enlouquecendo.


Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
O sol tão claro lá fora
E em minhalma — anoitecendo!


Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
Alfonso Reys partindo,
E tanta gente ficando...


Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
A Itália falando grosso,
A Europa se avacalhando...


Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
O Brasil politicando,
Nossa! A poesia morrendo...
O sol tão claro lá fora,
O sol tão claro, Esmeralda,
E em minhalma — anoitecendo!



Il rondò dei cavallini
(Pedro, Caio, Eunice e Cinthya)

I cavallini correndo
E noi, cavalloni, mangiando...
Tua belezza, Smeralda...
E mia sanità mi va lasciando.

I cavallini correndo
E noi, cavalloni, mangiando...
Sole così chiaro lì fuori
E mi'anima - annottando.

I cavallini correndo
E noi, cavalloni, mangiando...
Alfonso Reyes partendo,
E tante persone restando.

I cavallini correndo
E noi, cavalloni, mangiando...
L'Italia parlando molto,
E l'Europa si scoraggiando.

I cavallini correndo
E noi, cavalloni, mangiando...
Il Brasile negoziando...
Va'! La poesia morendo...
Sole così chiaro lì fuori
Sole così chiaro, Smeralda,
E mi'anima - annottando.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Marina do mar

Certa vez vi a beleza que em pura luxúria me envolveu
Uma mulher-menina pura veio com seus lábios e candura
Me abateu

Durante a queda viajei por seu corpo malvado
Leve e delgado
Desejando teus olhos cercados
Por brilhos de belezas mil

Beijando seus lábios
(astrolábios)
Encontrei a fina doçura que tamanha luxúria
Demonstra em sonhos de verdade dura...
Tal realidade pura em meu coração,
Ou talvez não.

Verdade essa que conheço de outra vida...
Quem sabe nela contigo pude um dia ser senil
Para sempre com teus brilhos de belezas mil
Mulher-verdade
Linda-vaidade
Beleza sem fim...
Que amo mais que a mim.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Inventando

Sabe do que eu gosto? Eu gosto de inventar...

Não só inventar por inventar algo que depois eu possa perder, não... Eu gosto do que é pra sempre, mesmo que por um instante deixe de ser.
Amo quando não preciso nunca esquecer ou deixar de lado.
E eu te inventei na minha vida. Ou melhor, eu te inventei reinventando.
Inventei o teu sorriso reinventando pra mim a alegria de te ver feliz.
Inventei o teu toque macio reinventando pra mim a vontade do teu carinho.
Inventei os teus olhos doces reinventando pra mim aquele olhar que me cativou.
Inventei, inventei e inventei...
Cheguei até a inventar reinventando um nome para o que eu sinto por você, sabia?
Inventei o meu amor por você
Enquanto você reinventava a minha vontade de amar.

Te amo.