quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Uma obra prima

Certa vez, num dia incerto, estava eu sentado em meu sofá, distraído, conversando entre amigos. Na TV, ligada e esquecida, brotava uma novela qualquer. Não me lembro ao certo os porquês, mas na cena em questão dançava uma mulher o clássico pole dance americano.

De vislumbre, no canto sutil de meus olhos, a imagem dançava em ritmo frenético. A mulher e o metal no qual se enroscava eram um, faziam um, diziam um.

Foi então que nasceu a poesia.

Escrevi no caderno de notas, ao lado do telefone. A magia do momento me tomou, e as palavras, embebidas então pelo fulgor, saltaram pelos meus dedos após sua travessia de imaginários em cada nervo de meu corpo.

Dei a luz uma poesia, sua forma era poema. Como de praxe, li para os presentes, que aplaudiram a inspiração.


Deixei a poesia no caderninho.


Esquecida em seu repouso, não reclamara seus direitos a publicação. Era demais pr’ela.

Tempinho depois, procurei a poesia, pois me lembrou um dos amigos presentes na ocasião, e ela já não estava lá. Fora arrancada, e só vestígios do papel sobraram.

Hoje penso: que terá acontecido com ela? Será a menina-dos-olhos de uma moça que ainda a lê antes de dormir? Terá se tornado lixo e morre eternamente, calada em seus suspiros fadados ao esquecimento? Encanta o jovem apaixonado? Jaz ao lado de um suicida?

Eis a maravilhosa beleza da arte, da poesia.

Eis minha obra prima.

5 comentários:

Gabriel Giglio disse...

augusto, metalinguagem total! uma obra-prima falando de outra. félicitations!

Reginaldo Soares disse...

Grandee!!! Show cara vc esta no caminho certo!!

Dinossaura disse...

Muito bom! Adorei!! Gabs disse tudo!

Carol disse...

Aleluia que vc atualizou meninö!
Muito bom *-*

Caio disse...

Flávia Alessandra realmente é uma poesia...
Brincadeiras à parte, obviamente é uma poesia o texto que li. Muita gente discordará de nós, mas dane-se. Eu gostei, como sempre, Pedro ;D
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